A última conversa que tivemos para falar sobre a importância do patrimônio cultural em São Gonçalo foi com o professor e escritor Erick Bernardes. A partir do seu processo de escrita para o livro CAMBADA – Crônicas de Papa-Goiabas, tivemos a oportunidade de refletir mais sobre memória e identidade local.
O livro é composto por 40 crônicas publicadas no Jornal Daki. Erick nos conta que “os textos estavam sendo lidos com muito carinho e eu percebia que as pessoas gostavam, reagiam com muito carinho.” Essa forma afetuosa dos seus leitores, proporcionou ao autor estabelecer uma relação de amizade, como ele mesmo diz: “as pessoas se tornam meus leitores e amigos.”
“Foi exatamente a partir da vigésima crônica que eu comecei a pensar no livro. O Elcio Albano, o editor chefe do Jornal Daki foi um dos principais incentivadores. Eu decidi que 40 crônicas era uma quantidade boa, daria aproximadamente 100 páginas.” Nos conta Erick sobre como foi pensada o formato do livro. Segundo Erick “Existem lugares de São Gonçalo que não tem nada escrito, mas tem muita oralidade.”
Mas, você, caro leitor, sabe o que é uma crônica? Erick nos disse que “a crônica é um gênero ou subgênero literário, um gênero textual narrativo muito híbrido, onde se tem uma certa liberdade de escrita. Eu posso colocar uma notícia jornalística muito próxima do cotidiano ou eu posso criar ficções dentro daquele texto.”
Sobre o seu processo de escrita Erick nos explicou que como morador nascido em São Gonçalo ele partiu primeiro das histórias que os seus parentes e amigos o contavam. Histórias que ele mesmo foi acumulando em suas memórias ao longo do tempo e que agora era recontada em formato de crônicas.
Histórias retiradas do seu acervo cultural de criança, seu capital cultural não só acadêmico, mas também de vivências, um capital cultural afetivo, conquistado enquanto ouvia as histórias que lhe eram contadas. Erick se recorda, por exemplo, do seu avô contando histórias sobre a construção da ponte Costa e Silva, mais conhecida como Ponte Rio-Niterói.
As primeiras crônicas, segundo Erick, não narrativas tiradas da sua memória de criança, de jovem, de morador de São Gonçalo. E quando o seu repertório de memórias chegou ao fim, ele estava dando palestras para falar das crônicas que já reverberavam em São Gonçalo.
“Durante as palestras, muitas pessoas traziam os seus próprios relatos, as suas próprias memórias afetivas do lugar em que viviam.” Assim, Erick iniciava um novo processo de coleta e escrita desses relatos. Como ele diz, “além de falar, gosto muito de ouvir” e essa característica seria bastante útil neste novo momento de produção das suas crônicas.
Essas pessoas que lhe contavam as suas histórias, se tornaram, como Erick gosta de dizer, seus colaboradores, seus coautores. Algumas tiveram os seus próprios nomes inseridos nas crônicas relatadas, se tornando personagens, protagonistas das histórias.
Além da sua experiência pessoal e dos relatos dos seus leitores colaboradores, Erick inclui no seu processo de criação, visitas às localidades de São Gonçalo de forma aleatória. Seu método era simples: “Eu comecei a dar sinal pro ônibus e a descer no lugar em que eu queria narrar a história.” Em outras ocasiões, ele ligava e marcava com alguém que poderia contar mais sobre a localidade que ganharia uma crônica.
Em outros momentos Erick pegava o ônibus e perguntava: “Vai pra onde?” E seguia meio sem destino até decidir descer do ônibus. Já no local Erick nos conta que “Ia falar com os moradores, sentar em um bar e ouvir. As pessoas têm muita necessidade de falar.”
Se você quer ver a nossa conversa na íntegra e conhecer algumas das crônicas escritas por Erick Bernardes, basta acessar o Instagram Poeira da História.
As crônicas de Erick são um presente para São Gonçalo. Muitos lurares ainda esperam por seu olhar sensível, perspicaz e criativo. Um olhar que revela nuances da cidade escondidas na praticidade imposta pelo cotidiano, no cansaço da rotina ou perdidas no passado. Histórias apagadas no descaso, na falta de memória e que Erick enriquece com pinceladas ficcionais.
Érick consegue revestir tudo com afeto e poesia, em cada linha está o seu amor pela cidade, até mesmo nas histórias mais tristes. Ler suas crônicas é como ouvir um causo contato por nossos avós e sua contribuição para ressignificar a relação que os moradores de São Gonçalo têm com a cidade, posta à força nas páginas policiais, é imensa.
São Gonçalo existe para além da violência, do descaso, da pobreza estampada em cada esquina. Existe uma São Gonçalo para além de tudo isso, uma São Gonçalo com memória, cultura e autoestima. E, ela está logo ali, ao alcance de todos, mais precisamente, nas páginas de CAMBADA – Crônicas de Papa-Goiabas.
Crônicas sobre você, sobre mim, sobre a gente, aqui “do ouro lado da poça”. Crônicas sobre todos nós, papa-goiabas que somos.
E com orgulho!
Sou leitor de Erick Bernardes desde quando o conheci no ambiente de trabalho. Suas crônicas trazem a tona uma cidade escondida, ofuscada por outras cidades maravilhosas e queridas da midi6e do senso comum. São Gonçalo resiste como um diamante no fundo da Baía da Guanabara. O Erick nos chama a ver essa pedra e seu brilho e nos dá a oportunidade de juntos participarmos da lapidação duma jóia única e rara de todos os afortunados que desconhecem do valor do que têm ao seu redor.
Olá, Oswaldo! É exatamente isso que você falou. O Erick está fazendo um excelente trabalho de valorização da cidade de São Gonçalo. Ficamos muito felizes em poder conversar com ele no evento que realizamos recentemente. Obrigado por seu comentário. Grande abraço.
Achei muito legal essa crônica, nos mostra o outro lado de São Gonçalo, por baixo de tanta violência a um lugar bonito, e cheio de lugares históricos. É tão difícil ver alguém valorizar nossa cidade, Erick está fazendo um trabalho incrível.
É verdade, Bianca. Existe uma São Gonçalo que vai muito além do que costumamos ver nos jornais e Erick está mesmo fazendo um trabalho incrível.
A história e muito boa porque conta um pouco da nossa história da nossa cidade e retrata nossa cidade de outra forma.
E São Gonçalo precisa muito desses novos olhares!
Eu gostei muito do texto, é muito difícil ver alguém valorizando essa cidade, até porque São Gonçalo é muito mais do que os jornais mostram, ele tem muitas histórias boas, e eu acho muito importante que alguém como Erick mostre outro lado de São Gonçalo. São Gonçalo é repleto de lugares lindos e lugares histórico só basta você procura.
O trabalho do Erick é excelente e está contribuindo muito para que os moradores possam ver a cidade por outro olhar. Obrigado, Brenda.
Este livro é composto por 40 crônicas.“Foi exatamente a partir da vigésima crônica que eu comecei a pensar no livro.Mas, você, caro leitor, sabe o que é uma crônica? Erick nos disse que “a crônica é um gênero ou subgênero literário, um gênero textual narrativo muito híbrido, onde se tem uma certa liberdade de escrita.Sobre o seu processo de escrita Erick nos explicou que como morador nascido em São Gonçalo ele partiu primeiro das histórias que os seus parentes e amigos o contavam.Histórias retiradas do seu acervo cultural de criança, seu capital cultural não só acadêmico, mas também de vivências, um capital cultural afetivo, conquistado enquanto ouvia as histórias que lhe eram contadas.
MT legal a crônica , realmente fala coisas q precisam ser analisadas em certos lugares… Tbm achei bastante importante o fato de mostrar q São Gonçalo n e só violência e q histórias encantadoras … Parabéns pelo trabalho professor Erick
O trabalho do Erick realmente é importantíssimo para São Gonçalo!
Isso aí! Muito legal a crônica. Acho que sempre temos que dar um pouco mais de ênfase a nossa cidade que é tão maltratada, mas que no fundo, ela é um poço de historias que estão soterradas e escondidas no meio de tanta violência e descaso. Acho que as pessoas tinham que ler essa crônica e refletir um pouco mais sobre a “nossa cidade maravilhosa.
Também acho que todos precisam ler as crônicas escritas por Erick. A construção da memória local, a valorização dessa história é fundamental para trabalhar a identidade do gonçalense.
Boa tarde,gostei bastante do texto acho importante mostrar que São Gonçalo não é só violência e que atrás de cada portão tem uma história da nossa cidade, memórias que vamos guardar em nosso coração para sempre.
Esse sentido de pertencimento, desse outro olhar é muito importante para os moradores da cidade. Obrigado, Emanuelly.
“Muitos lurares ainda esperam por seu olhar sensível, perspicaz e criativo” , realmente tem lugares que precisa mto ser olhado…!
Sim! São Gonçalo é grande em suas dimensões e em em sua riqueza cultural. :))
O texto e bom gostei de ler a parte boa da nossa cidade mesmo com tudo acontecendo e agora eu vejo onde eu moro com outros olhos
Ficamos felizes em ler seu comentário! É fundamental que a gente consiga olhar para São Gonçalo com outros olhos, valorizando o que ele tem de melhor.
Eu achei o texto super construtivo mostra a história de São Gonçalo e suas memórias,mostrando que vai além da violência.
Que bom! Muito obrigado, Brendha!
Eu acho incrível que ainda existe pessoas como o Erick! Ajudam a todos nós abrir a mente e perceber que São Gonçalo vai muito além do que imaginamos.
Verdade! Também ficamos muito felizes com o trabalho do Erick. E ainda mais feliz que tantas pessoas estão redescobrindo São Gonçalo.
Gostei muito da forma que ele aborda à cidade de São Gonçalo RJ, o seu carinho e amor pela à mesma, Parabéns Erick!👏🏼 é um grande escritor!
Por quê uma cidade com tanta criminalidade, para muitos é difícil achar uma qualidade, porém ele não! Consegue achar coisas lindas na mesma!👏🏼👏🏼
Exatamente, Kleberson!! O olhar que o Erick consegue lançar sobre a cidade de São Gonçalo é inspirador. Abraço.
Achei exelente a crônica!
Um grande escritor,mostrando que Sao Gonço vai alem de violência
Muito enteressante essa crônica,nos da esperança de que Sao Gonçalo nãl e so violência,
Legal um passado muito bonito
Muito!! Fico feliz que tenha gostado. :)))